DELIS - NOVA PERSPECTIVA PARA O UNDERGROUND?
“No underground repousa o
repúdio e deve despertar...” essa frase linda é do Paulo Ricardo na música
Rádio Pirata, do RPM. A primeira vez que eu a ouvi foi em 1985, no
recém-lançado long play Revoluções Por Minuto, e revelo agora que essa frase
alimentou a paixão cega e pouco preparada da minha adolescência. Esse repúdio
soava aos meus ouvidos como um hino de batalha, algo de revolução, como se a
organização dos jovens marginalizados pelo sistema pudesse alcançar um nível de
organização e excelência que pudesse mudar a realidade a partir da quebra dos
padrões mainstream pelos nossos versos e publicações mal acabadas da época.
Doce ilusão, mas na realidade “utópica” fez com que agente, durante o processo,
aprendesse muita coisa boa e de certa forma começasse a ter uma formação melhor
no tocante a questões sociais que podem realmente mudar o conceito dito
selvagem do sistema.
Uma coisa é fato! No
processo atual de desenvolvimento nós somos mais vitimas que atores. Isso por
si só já seria algo para tentar implantar uma mudança radical de conceitos, mas
além da gente, falo como classes sociais nesse caso, todos são vitimas. Esse é
um tipo de desenvolvimento excludente que arrasa todas as fontes de substancias
causando degradação e miséria. E não há milagre, revolução ou guerra que possa
mudar essa realidade a não ser o velho conceito de educação, cidadania e
cultura. Que deve ser democraticamente disposta a todos os seres humanos de
forma inclusiva e abrangente de uma forma nunca antes vista na história.
Nesse contexto acredito que
o conceito de desenvolvimento tradicional capitalista deve ser trocado pelo
conceito de desenvolvimento local integrado e sustentável. O denominado pela
abreviatura DLIS. Conceitos tradicionais de combate à miséria e a pobreza em
geral devem ceder espaço a conceitos novos, sustentáveis, com foco na
comunidade, reforçando o conceito democrático de tomada de decisões, além do
investimento e capacitação para um novo conceito de capital; O Capital Social!
Essas esmolas instituídas as quais chamamos de bolsões sociais devem ser
repensadas de forma a garantir uma injeção dos recursos econômicos de forma a
entender e incentivar as iniciativas locais com respeito ao caráter e conceito
de sustentabilidade social, econômica e natural.
Ninguém mais que esse novo
processo de globalização vem criando maiores necessidades de formação de
identidade, como na diferenciação dos setores e também de localidades. Para
isso cito o exemplo de localidades que foram mercantilizadas e reforçam uma
espécie de “micro” economia que influi diretamente no bem estar dos membros
dessas comunidades como: a Mangueira, no Rio de Janeiro, e o Pelourinho, na
Bahia. A identificação do carioca com o carnaval fez se criar uma indústria
cultural criativa que funciona o ano inteiro e contribui diretamente para o bem
estar de centenas de colaboradores dessa iniciativa, tendo a comunidade da
Mangueira destaque nesse universo. O mesmo acontece com o pelourinho, depois da
revitalização feita em torno de 1987/88 pelo então secretário de cultura de
salvador, Gilberto Gil. Claro que devidas às proporções é necessário separar o
que é desenvolvimento local sustentável do que é assimilação do processo
tradicional de desenvolvimento nesses dois exemplos, mas podemos inquirir nesse
caso a educação desqualificada e a tantas outras ações dispares do estado, além
do poder indiscutível da mideocracia como instituição que amplifica os
conceitos alienados que de maneira ininterrupta servem de base aos conceitos
tradicionais de desenvolvimento.
O conceito de comunidade no
DELIS, não está submentido ao padrão atual de entendimento da população. Não é
sinônimo de pequeno como podemos de cara pensar, aqui, o desenvolvimento local,
de certo modo, “troca a generalidade abstrata de uma sociedade global configurada
à semelhança ou como suporte do estado (como é o caso das chamadas sociedades
de massa) pelas particularidades concretas das múltiplas minorias concretas que
podem projetar... (endogenamente) futuros alternativos para a coletividade e,
sobretudo, antecipar esses futuros em experiências presentes”. (Franco 1994)
para ficar mais fácil o entendimento podemos dizer que o desenvolvimento local,
a partir desse novo procedimento, produz ou cria um contexto onde se manifesta
um ethos de comunidade, desentranhando – o, ou seja, retirando o conceito de
comunidade do de sociedade.
Mas para surgir esse
desenvolvimento, é preciso antes tornar dinâmicas as potencialidades. Para isso
é preciso está atento ao nosso papel cidadão no processo. Qual é a nossa
potencialidade? Pense nela como no seu campo de atuação. Como desenvolver,
desenrolar, fazê – La ecoar para além de limites predispostos e de forma
integrada a outras ações em outros campos de desenvolvimento voltados para o
local nessa nova realidade? Para isso é preciso entender que o DELIS é algo em
construção, novo, que necessita além da divulgação do conceito, de novos atores
sociais para a implantação e desenvolvimento de ações e pensamentos na busca da
excelência cabível na pratica da construção. Então, meninos e meninas, eu
depois de ter dito tido isso, proponho que ao invés de manifestações com
caráter intrinsecamente genérico, nós nos dediquemos ao novo tempo com as mãos
na massa e a velha fé na vida.
ENCONTRO ENTRE MOVA CE E JORGE MAUTNER EM JOÃO PESSOA. EU, RODRIGO MONTE, JORGE MAUTNER, E CICERO ALEXANDRE DA ESQUERDA PARA A DIREITA DE QUEM VÊ.
OBRIGADO A TODOS,
GEORGIANO DE CASTRO.
MÃOS NA MASSA, isso sim muda as coisas!!
ResponderEliminarhttp://www.recantodasletras.com.br/ensaios/4644692 Veja esse diálogo que faço com suas postagens e ideias. Abraços.
ResponderEliminarMassa! Sou um dos moderadores da Página Celebridades do Bom Jardim (https://www.facebook.com/CelebridadesDoBomJardim), vejo o quanto há escassez de cultura e de um ponto de apoio para os jovens poderem se espelhar em alguém que irá manifestar neles algo que existe mais precisa ser lapidado. Tenho o Intuido juntamente com a galera do KLÃ CREW GRAFFITI, de iniciar um projeto que já está no papel, tentando começar a despertar um movimento revolucionário no bairro. Em breve gostaria de sentar junto com a galera da banda, juntamente com você Georgiano para que possamos debater o que tanto já vem sendo feito, e agregar mais ainda atividades para que possamos emitir um desejo de revolução nas pessoas do nosso querido Good Gardem!!
ResponderEliminarserá um prazer pra gente, pode contar conosco felippe!
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