0 porquê, que explica as OUTRAS PALAVRAS que eu tanto falo.

    Existe uma razão na minha mente muito forte para que eu mantenha certa distância, e credite certo descrédito ao mencionar as manifestações que veem acontecendo país afora. São razões de caráter pessoal mesmo, de quem por muito tempo tentou se expressar e não conseguia coro em meio às alienações da geração 90.

     A minha experiência cabe naquela frase musical que diz: - Tudo ao mesmo tempo agora, quando eu comecei a estudar ainda era ditadura, e era recessão, e aquela cultura nordestina de atraso, no tocante a tudo, mas me chocava de forma maior o preconceito racial, e questões de gênero relativas a um suposto domínio masculino, e ao, como eram dito na época, o 3º sexo. A fuga ocorria para a cultura de massa nos quadrinhos de heróis americanos, em seriados de TV também de lá, no vídeo game e no rock nacional. Veja só, distante tempo e espaço daqueles tempos hoje eu consigo enxergar muito claramente que o Brasil para mim, culturalmente falando, só chegava através do rock nacional. Lembro como se fosse hoje, em 1985, quando tudo que nos interessava era o Rock IN Rio, ao ver aqueles moços subindo a rampa do planalto com aquela bandeirona do Brasil, vi aquilo de manhã, e nada retira da minha cabeça que era transmissão ao vivo, e eu gritei: - Corre mãe! Vem ver o tamanho dessa bandeira aqui! Tinha também o Coração de Estudante, do Milton Nascimento, Que era o que agente conhecia de MPB, porque agente na escola trocou a chatice do Hino Nacional e do Pai Nosso por essa canção.  


      O rock nacional também mudou em 1985, as letras, antes que lembravam namoros e coisinhas de galera, foram criando um novo rumo. E eu me lembro do choque que foi ouvir Selvagem dos Paralamas do Sucesso! Refiro-me ao álbum completo, que já começava com alagados, e ainda tinha a própria selvagem, Teerã, e a novidade. Certa vez, meu pai ouviu aquilo com mais atenção, logo ele que é semianalfabeto, disse: - Menino, essa música num é seria de mais pra você hein? Depois veio o punk rock, aí o bicho pegava, porque a coisa da atitude estética punk era muito nova para a periferia de fortaleza anos 80. Eu via naquilo a minha representação autentica, e mais, ao estudar o que era aquele movimento, descobri a causa que alinhava àquela falta de perspectiva da era Sarney, que era o “Do it your self” "faça você mesmo", lema do movimento. E ainda tinha o PT com aquele discurso demagógico da ética, que pelo menos àquela época, eu tinha a idade certa para comprar a ideia.




     Claro que eu queria ter um meio de comunicação onde eu também pudesse reclamar, e mais claro ainda, hoje olhando para trás, que a minha ambição era reclamar de forma latente como um Phelipe Seabra, ou um Herbert Viana, ou Até como o Renato Russo ou o Cazuza, só que punk. Na escola eu me interessava mais e mais por português, que era tão somente gramática até ali, e historia. Foi quando veio às eleições 1989, eu tinha 11 para 12 anos, e já era um simpatizante do PT. Mas quem ganhou foi o Collor. Em 1989 eu perdi duas vezes, perdi na eleição e perdi todos os meus amigos de infância, que estudavam comigo, por causa da minha mudança pra essa casa que moro hoje.  Mesmo com a pouca idade eu passei maus bocados. Eu não achava ninguém que entendesse de rock, muito menos de punk ou new wave, e isso só ficou resolvido quando eu conheci o Cthêsco.

     O que lembro bem do inicio dos anos 90 é que eu lia a revista Isto é, Senhor! E assistia ao Jô Soares onze meia. Também planejava montar uma banda punk como as de São Paulo. Tinha que ser como o punk paulista porque agente não sabia tocar nada muito bem e isso aproximava o lance da gente com as bandas de lá. Foi quando agente, eu e o Cthêsco, estávamos montando a M.D.A. Motivo de Anarquia, que eu tomei outro choque! Sabe aquela música Bey,  Bey Brasil do Chico? Aconteceu comigo, eu vi um Brasil na TV. Era a minissérie Global Anos Rebeldes. Cara! Foi aí que eu descobri o Caetano Veloso! Pra mim o Caetano era tipo um professor de inglês que fez uma letra pro RPM ou algo assim, e eu fiquei extremamente puto. Como é que eu não conhecia a história do meu próprio país? O Meu irmão Francisco comprou a arte do Caetano Veloso, Eu ouvia aquilo ali como o devoto que ouve uma novena. Ao mesmo tempo agente tava pintando a cara e indo para a rua pedir o impedimento do Presidente, eu estava conhecendo o Brasil na TV, e pensava assim: - Porra, em 1967 eles calaram a juventude e agora agente tá dando o troco... Esse era o nível da inocência.

     Dali para o movimento estudantil, as Ceb’s o movimento popular, o partido foi uma crescente, e com a bala de ser digamos o “líder” de uma banda de rock! Mera ilusão, pois aquele povo queria ouvir qualquer coisa, menos rock, ainda mais autoral e falando de política, ainda mais sendo feito por um zero a esquerda como eu. Foi participando que eu percebi que era apenas massa de manobra. Eu seria interessante no jogo desde que repetisse o que eles diziam, mas pelo contrário eu estudei, e vi que a história tem e sempre teve dois lados, e que aquele representava só uma parte da verdade. Mas não foi isso que me fez mais mal, foi dedicar o meu precioso tempo a um movimento onde todos queriam era status, o congresso da Juventude Socialista, em Maceió, que eu fui foi uma palhaçada só. Neguinho se matando para eleger o secretário nacional que ia chupar o ovo do Miguel Arraes. E sabe o que aconteceu? Fui eu quem se prejudicou feio, não passei no vestibular, não me encaixava em nada no mercado de trabalho, a não ser ficar sendo eternamente um desses cabos eleitorais desses caras. Foi quando eu passei no concurso da PM, que não tinha nada a ver com o meu perfil, e eu já no desespero, sem fé e sem esperança, me apaguei ali. Eu ia uma vez ou outra no CAEP ouvir o Gilvan Rocha agredir todo mundo com aquela estupidez platônica dele, e ficava lendo literatura de esquerda para continuar escrevendo as letras das minhas péssimas músicas. Até que em 2003, muito mais por influencia do Mário agente na The Good Gardem, começou a soar nonsense, foi só aí que eu me afastei da azia e dores de estômago diárias.

     Hoje eu assisto a derrocada de um sonho, a capitulação dos ideais de um Georgiano criança, e uns ídolos políticos de outrora merecendo cadeia. Porém já não enxergo a história como dois lados opostos; o bem e o mal. Não! Eu vejo os entrelaces da vida e da política, enxergo o panorama como um todo, sem paixão, isso não é futebol! Aprendi com o tempo e com alguns intelectuais a quem eu estudei, e ainda estudo, a pensar nas coisas com uma visão atual, são as outras palavras que cito, e que também são como na musica do Caetano, mas indo muito mais além. Essas manifestações e essa euforia sensacionalista que diz que o gigante acordou é fogo de palha, a maioria dos jovens ali são usados como marionetes por gente com interesse de derrubar, ou no mínimo desestabilizar o governo. Sem que com isso represente algo melhor do que ele, o que convenhamos devia ser facílimo! É uma crise que não vai ter precedente. E os Black blocks? Uma raça de playboyzinho classe média inflando, uns outros tolos, que não são playboys, a fazerem merda em tudo que é lugar sonhado com a glória de Chê Guevara! A meu irmão me dê um tempo, tanto se lutou por essa cidadania, tanto agente fala em democracia forte, sustentabilidade social e ambiental, tanta coisa por fazer de real impacto pela sociedade, e vocês sonhando Chê Guevara! Agora eu faço uma analogia com os versos do Paulo lima: - Ao invés de construir, vocês fazem é destruir são miseráveis e inúteis! Não vá na onda da classe média decadente porque ela já era velho! Quer participar? Então vá estudar gestão, ou tecnologia, ou ciências naturais também. Vamos tentar mudar pela força da educação e conversar em alto nível. Eu ainda não consegui me formar, só para lhe dá exemplo, mas estou lutando.







                                                                                "Estou loco por ti, América, pero num irei matar nem morrer por ti!"
      Foi Fernando Pessoa quem disse: - Minha pátria é a minha língua, Eu não tenho pátria tenho mátria, o Caetano Veloso declarou publicamente que gostava de sentir a sua língua roçar a língua de Luís de Camões, Eu usei o termo OUTRAS PALAVRAS claro, por influencia da música do Caetano, e você pode sacar a letra no primeiro vídeo desse post. Veja as possibilidades da língua, e a criatividade presente de forma inusitada, como ninguém fazia antes dele em música popular, com isso, OUTRAS PALAVRAS também pode representar outras idéias e ações criativas, Humberto Gessinger disse: - Sem bandeiras nem fronteiras para defender ou depender! Em imagem na música O Exercito de Um Homem Só, e é por aí o que eu penso também, somente a criatividade e as ações positivas podem mudar a realidade. Para cada Malcolm X que surge, há sempre um Matter Luther King para combater. Abraço à todos!

                                                                                                                        Georgiano de Castro.

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