O HAITI É AQUI? SERÁ?

“Quando você for convidado pra subir no adro
Da fundação casa de Jorge Amado
Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos e outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
E aos quase brancos pobres como pretos
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados”
Caetano Veloso – Haiti.



Essa música denuncia aí é de 1992, quando eu cursava aquilo que se chamava oitava serie do 1º Grau, é do álbum tropicália dois, que comemorava a época, não lembro bem, vinte ou vinte e cinco anos da tropicália. Eu tenho um Box comemorativo da tropicália com cinco CDs históricos, e outros registros soltos, confesso; Eu nunca fui muito Sgt Peper’s ou tropicália da vida, mas longe da ignorância de quem só quer aparecer e da intolerância boçal dos neo – pseudos intelectos, eu enxergo muita coisa positiva e verdadeira além da estética moderna. Vali-me do Caetano não só por que o adoro, mas para trazer à tona o que me moveu a registrar esse pensamento e publica – lo aqui. Lendo e analisando esses versos destacados entre aspas acima você percebe nitidamente que algo está fora da ordem nessa degradação entre pares iguais da sociedade, e o porquê disso acontecer não é algo simplista de se explicar, cabe várias visões, várias experiências, e eu vou procurar apenas alertar para algumas dessas possíveis causas, sem me ater ao posicionamento de quem se acha dono da razão, porém vou alertar para tudo aquilo que poucos estão percebendo, e que cria uma aparência de crescimento que anda longe de ser o ideal.




Os pretos soldados, citados aí, são pessoas de cor ou quase cor, ou negros por osmose na condição da pobreza, que se tornam o que os cultos sociólogos blá, blá, blá, chamam de cães de caça do governo, é o padrão histórico das praças da policia militar. Existe nessa imagem da musica uma agressão aos iguais, em outra condição na defesa do sistema de exploração capitalista. A porrada é o melhor meio de intimidação já inventado até hoje, porém ele por si só já não cabe mais há tempos, a violência gera violência e o medo é apenas uma espécie de recuo momentâneo ante as circunstancias desfavoráveis. Existe uma aritmética bem simples de expor nesse caso, senão vejamos; - Se em cada 100, 70 não têm nada, os 30 que tem tudo não sossegarão. O ex – primeiro ministro inglês Winston Churchill, certa vez declarou que a democracia seria a pior forma de governo existente, exceto, todas as outras antes tentadas, e é claro que o capitalismo também segue essa lógica cruel. Revelado esse quadro vamos nos ater agora a atualidade, na América do Sul, especificamente no Brasil, onde uma nova era populista toma conta da gestão executiva do estado, com seus velhos truques maquiados que atraem o sentimento tão puro e nobre dos desvalidos de informação e fazem dessas pessoas comuns o escudo da sua manutenção, hora posando de humanistas, hora como socialistas de outrora, e agora com pôster publicitário de coração valente. E tudo que se ver é a manutenção desse grupo patético no poder em nome de uma mudança geral pífia e disfarçada que se apresenta encantadora, mas até agora, não investiu nada na base. “Uma sociedade só evolui quando há um investimento maciço nas suas bases de sustentação!” Dilma Rousseff – 2010. Pergunto, quais são as bases da sociedade em questão? É claro que a mudança é gradual, não nego tal verdade, também sei que bater de frente com a nossa elite burra é algo difícil deveras, sei que a imagem do partido dos trabalhadores foi algo difícil de conquistar, e eu estive de espectador a participe nisso também, apesar desses aloprados que se perderam no caminho por algum prestigio advindo de maracutáias e corrupção, nuances do poder, e por um cargo, aceito tudo, desde que me mantenham fisiologicamente ligado e recebendo o meu. São 12 anos e já caminha para os 16, e cadê o investimento maciço nas bases que outrora Dilma citou? Cria se uma política de cotas, só para retornar no lance étnico do inicio do texto, para disfarçar a total degradação do ensino público, a distancia entre brancos e negros no acesso as políticas de inclusão vai numa mudança nas bases econômicas, o PNDE, (Plano Nacional de Educação) é lançado e nele define - se algo para os profissionais, em planejamento de cargos e carreiras, que ficam refém das gestões estaduais e municipais, que não o admitem e nem são penalizados por não cumprirem o acordado no plano nacional. E a educação básica é o maior pilar de mudança social de uma nação. A cultura é refém de uma pá de grupos fisiologicamente ligados, com praticas e ações anacrônicas e disfarçados, onde o artista, se não está ligado a aparelhamento A ou B, tem que aderir ao discurso do fisiológico, para participar de algo que esses grupos realizam e depois no final levar um calote em nome do bem estar das revolucionárias tartarugas ninjas. O mesmo acontece com a política de transferência de renda, o bolsa família, que é claramente sustentado pela classe média, e é até bom que seja, mas essa transferência assim como esta se dando é algo muito mais interessado em criar um público alvo cativo do que em reforçar as bases para uma guinada social dos menos favorecidos. Luiz Gonzaga rei do baião cantava: - Doutor, uma esmola a um homem que é são, humilha o sujeito ou vicia o cidadão!  E é verdade, somos pobres sãos, a única chance que pedimos para que não haja uma epidemia de bolsistas é uma política de inclusão baseada no trabalho, na economia solidária, participativa ou criativa. Em reformas; politica, educacional, tributária, cultural e econômica, sem apelos populistas maquiados, com base no respeito, não nesse circo que virou as eleições 2014, que realmente haja oposição, e que situação e oposição estejam realmente ligados, em termos de discussão, junto a sociedade organizada, pensando não em si, mas no bem estar social. Será que eu sou tão incapaz que preciso alimentar essa terrível maquina estatal para ela decidir por mim o que me diz respeito? Vamos lá meus companheiros, respondam aí!

O HAITI É AQUI???????????????????



E quero alertar ANTES DO FIM! Que essa imagem da música Haiti, revela o quão conservador à sociedade, e nela a esquerda também, é com as questões de segurança pública. Precisamos de uma força policial treinada para defender a cidadania dos indivíduos, não é o que acontece com o modelo escolhido no Brasil, você tem uma confusão enorme para defender a ideia de que a policia é funcionária do estado, e esse estado não está personificado em um cidadão gestor, que manda na policia. Diferente disso, a policia é uma instituição do estado, instituição abstrata, que é o conjunto regras e leis que o compõe e não a figura personificada A ou B, pois os gestores passam, a instituição fica, deve ser forte e independente, laica e com formação especifica para a defesa dos direitos de todos, não para servir de cães de guardas da situação.
Há citações de Caetano Veloso, Dilma Rousseff, e Belchior no texto, e apesar de ser uma crítica ao governo Dilma, gostaria de informar que detenho uma admiração enorme por essas três pessoas citadas, eu consigo separar as coisas.


GEORGIANO DE CASTRO.

 VALEU!

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