O ÓBVIO DO TRIVIAL!

          No dia 13 de dezembro de 1968, foi promulgado o Ato Institucional nº 5, que fechou o congresso nacional e subordinou o judiciário ao executivo Militar, é uma vitória da chamada linha dura das forças, uma facção paranoica, anacrônica e medíocre que queria garantir plenos poderes para que um comunismo nos moldes de cuba não acontecesse no Brasil. Isso representa ainda hoje um dos piores momentos da nossa história e é um dos responsáveis pelo atraso a que nos encontramos hoje. Foram 10 anos de chumbo grosso, contra uns inimigos que não passavam de uma dezena de centenas de estudantes e esquerdistas, mal armados e sem preparo, mas que se multiplicava por 10 mil na mente insana desse grupo. Não estou escrevendo isso para falar da tortura, da censura, da cassação dos direitos civis, que são alguns dos impropérios mais famosos que eles cometeram, quero falar do acontece agora, criar um link que em minha opinião seja uma variável incessantemente considerável da conjuntura atual.

          O AI Nº5, por assim dizer, não deu a presidência da república ao grupo de linha dura, mas foi meio que uma condição político instrumental para a chegada do grupo ao poder, e isso aconteceu em 1969 quando Emílio Garrastazu Médici assumiu a presidência.  Esse grupo ganhou certo apoio popular legitimado pelo “milagre econômico” entre 1968 e 1973, que nada tinha haver com o AI Nº5, se deu graças a reformas do governo do Marechal Humberto Castelo Branco e a condições internacionais extremante favoráveis. O PIP (Produto Interno Bruto) crescia a mais de 10% ao ano. Mais uma crise no setor Petrolífero pôs por terra a euforia do momento.



         O rastro de violência e estupidez que aconteceu nos 10 anos de chumbo deixou no Brasil diversas consequências más. Entre elas quero destacar a hiperinflação, que ainda hoje alguns “intelectuais” apontam que a razão de surgimento nesse período se deu muito mais devido ao governo progressista de Juscelino Kubitschek.   A desqualificação do ensino, tanto público quanto privado, e a resposta das classes opositoras, que diante da ameaça de violências mil e até de despatriação, em muitos casos deram respostas tão anacrônicas quanto às da linha dura. E que ainda hoje são vendidas como atos heroicos, mesmo que realmente sejam, mas eram atos fora de qualquer contexto cabível. Sinto que ousar lutar, mesmo que inocentemente contra a opressão, é fator relevante de moral, e deve ser analisado assim, não como plataforma de marketing pessoal para exaltar quem há muito difere totalmente do que se propunha lá.

          Eu, que nasci em dezembro de 1977, peguei a ultima fase da ditadura, mas quero acrescentar algo, foi no nordeste, que era muito mais pobre e atrasado do que agora.  Para mim um dos piores aspectos da ditadura, e que vitimou muito mais gente, foi o fato de ela também ser uma ditadura moral, e para garantir se como ditadura moral excluiu toda a ciência, no que diz respeito ao aspecto crítico, das escolas fundamentais e médias e das universidades também.  Isso em relação a um Brasil que vinha meio que com uma crescente desde Juscelino, foi fundamental para a ascensão desses heróis canastrões e sujeitos mal intencionados de todos os lados da política nacional.


          Para a minha geração a desinformação, a ordem, a educação falida e a alienação midiática. É tanto que os meus primeiros professores nesse âmbito de opinião foram realmente os roqueiros nacionais. Agente foi aprendendo a viver entre o anacronismo mais ou menos crônico desde as diretas e toda aquela movimentação que acompanhamos na televisão, a constituinte, o fora Collor, o Movimento estudantil, e de maneira pessoal, a minha filiação ao PSB, o meu abandono ao PSB, o Movimento não violência do Bom Jardim, e agora a Cunder (Cooperativa underground). Mas sempre há algo novo que nos surpreende e que eu faço relação direta à usurpação da ciência e da criticidade feita de maneira mais intensa pelos generais nos anos de chumbo da ditadura.

           Uma das famosas frases de efeito dessa fase atual de revoltas sociais é aquela que diz “O gigante acordou!” Será? Para mim o que vem acontecendo no país é autentico e infelizmente apresenta pelo menos duas coisas que considero graves. A primeira é que diante da ingerência proporcionada pelos gerentes e juízes e legisladores públicos o povo indignado se revoltou, e isso é positivo, mas o que considero ruim é que esse momento é uma revolta de indignação onde à massa não tem lideranças, ou nem consegue ao menos exprimir de forma razoável o motivo pelo o qual estão nas ruas. Tudo é muito genérico e com isso logo se tornam massa de manobra de grupos que almejam somente o seu próprio favorecimento. E seguindo isso vem outra analise grave, que é a total incapacidade dessa geração, principalmente os mais jovens, de conseguirem entender o momento histórico atual, e com isso firmam crença em algo que há tempos já se exauriu. É como aquela canção velha roupa colorida do Belchior, para citar em analogia, que diz que, o que há algum tempo era jovem e novo hoje é antigo, e que precisamos todos rejuvenescer...  Esse rejuvenescer, metaforicamente representa acompanhar de forma atual a história na minha analogia, mas isso não vem acontecendo, e hoje, distante tempo e espaço daquele tempo de chumbo grosso, o surgimento de grupos sociais extremistas de direita, com a bitola da incompreensão alcançando níveis exponenciais é uma realidade, por isso eu digo sem nem tremer um não aos extremos. O da esquerda e o da direita, eu estou no centro; e hoje necessitamos é de outras palavras: - Sustentabilidade, economia criativa, cultura, liberdade de gênero, cidadania... Entre outras formas atuais de combate ao atraso. Com isso gostaria mesmo que agente conseguisse fazer uma analise geral responsável desse momento histórico atual, e contribuísse de forma incisiva para iniciar a mudança desse quadro, e progressivamente fossemos criando outra nação mais forte e inteligente.

                                                                                                                



                                                                                                                  GEORGIANO DE CASTRO.

     

Comentários

  1. momento histórico-político no blog do cabeça. é bem verdade,falando do manifesto atual, ta muito descentralizado e há uma sensação no ar de fracasso quando se deixe perder o foco, se já houve foco nas ultimas manifestações. a juventude é burra, futuramente será tão burra quanto antes e quanto mais graduados menos capazes. Wesley tomaz.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares