PERTO DO FIM TODA SEGUNDA É IGUAL

Conheça meus dias de glória e eu vos direi quão patética é essa afirmativa, pudera! Tenho andando amargo esses dias e não vejo nada de especial na minha própria vida, primeiro surgiu a certeza de que não era feliz, nunca fora, depois fui retratando cada instante da minha vida até aqui e a descoberta Voraz é que tudo não passou de ilusões passageiras, fragmentos de migalhas de luz que iludem o coração dos tolos, como o meu. Frágil coração de estudante sonha conquistar o mundo enquanto o mundo o consome e destraça fibra por fibra.

Eu já não sinto amor, é só um espasmo desagradável que me atinge, eu confundira a paixão com o amor e no final das contas eis me desiludido. A paixão é fogo tão fogo que logo apaga e as contas conjuntas junto a apatia do resto dos dias são um preço caro demais para quem se permiti. Se eu pudesse escolher uma vida eu, com certeza, não escolheria a minha. Eis que me surge o anjo do senhor a indagar me: - E você não lutou criança? Respondo: - Lutei sim mas de que adianta? Esse mesmo anjo me mostra de relance tanta gente com problemas bem maiores que os meus e eu retruco: - que me importa? Eu não vim até aqui parar sentir as dores do mundo sendo que não suporto nem as minhas. Então me enxergo velho, caído, desamado, entre moscas numa casa suja e vazia.

No caldo do meu desespero entendo que ainda sou jovem e pergunto por que a gente tem que morrer jovem? E por que perto da morte nossa lucidez surge feito faca cortando toda poesia? Será que vão lembrar de mim no bar? Me sinto enjoado, bate uma brisa melancólica do dia e doe nas minhas juntas, minha visão empoeirada espera por ela, essa menina que não chega, me deixas preocupado em sofrer e fazer outros próximos a mim sofrerem também, minha época já passou, esse mundo não me agrada, venha menina morte leve meu espirito para a eternidade onde com certeza o mistério será rompido e eu terei a certeza, a plena certeza de que viver não fez e nem nunca fará sentido. 

Feche os olhos esqueça o barulho, feche a boca tome ar e a hora do mergulho! (Humberto Gessinger) 

Eu sei que ainda sou bem moço pra tanta tristeza mas não há outra maneira de comentar a não ser me passando por ela para dizer tudo o que ela sentiu e não quis nos dizer por descuido ou displicência, a loucura sempre esteve perto da minha cabeça por isso se puder não me julgue, eu apenas achei necessário inventar essa resposta para mim mesmo.

Agora sou eu que já não durmo.

                                                        Georgiano de Castro.