ANTES DO FIM O RECOMEÇO - FIM DA TRILOGIA

EU VI ESCOMBROS AMOTOADOS ENTRE SELVAS DE DENSA MATA E ÚMIDADE, ANTES DO FIM PRÓXIMO ESTAVA ASSIM.

Caminhei a esmo procurando uma energia, que nada as pessoas se contorciam afetadas pela fome, as que conseguiam evacuar alimentavam se das próprias fezes para seguir em frente. Esse panorama hostil era fruto do descontrole da primeira década do séc XXI, onde primeiro houve a amoralidade sexual, a permissividade como marca de geração, mesmo com freio de venéreas lascivas, de dentro das orgias não se enxergava mais respeito, todo mundo se comia independente de sexo, credo, cor, ou classe social. E, em caminho independente dessa característica, crescia a ambição e a tecnologia fazia multibilionários meninos e seus joguinhos eletrônicos. Quando houve a explosão apenas sete nações prosperavam, e elas foram engolidas por suas próprias naturezas. De lá pra cá é só caos, desespero e demônios que passeiam entre mortais nas noites escuras.


Mas nós não havíamos findado, existíamos em amontoados de lixo solto, sobrevivendo ao pesadelo depois da hecatombe. Eu vi o diabo alimentar se de corpos juvenis mas não sentia nojo, não havia mais nenhuma humanidade em mim, nenhum traço se quer, por isso eu ria das vítimas do cão, ria dos pobres de espírito, ria das pessoas que evacuavam e depois engoliam as próprias fezes, ria de mim mesmo que por desventura comia a carne podre dos que caiam entregues na angustia de tolerar, a espera da derradeira estrela.



Os demônios acorrentavam os crentes e introduziam lhes canos de PVC no ânus, a fim de soltar camundongos para roer lhes as entranhas, enquanto eram forçados a cantarem o hino da terceira internacional. Eu já estava acostumado com esse ambiente quando enxerguei uma luz, eu vi nascer do meio das pedras do cimento dos escombros uma rosa, aproximei e deitado próximo a ela respirei depois de vinte longos anos de dor um perfume de rosa, uma luz intensa vem rompendo os breus até que chega em mim como uma mão que sugere agarre me, e eu agarrei. Me vi adormecido passeando num táxi a beira mar, reouve uma praça de passeio público em Iracema, beirando os verdes mares bravios, e percebi que o fim não acontecera, nunca houve fim e a vida continua…..




Georgiano de Castro.

SUPERMERCADOS DA VIDA...

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