Contra a Tradição, Há contradição (!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!)

Hoje já está ficando chato, nas conversas cotidianas, e principalmente nas redes sociais, que assumiram o papel de escudo moderno da covardia, essa caça cruel e anacrônica a figura de Dilma Rousseff. É como se a primeira presidente mulher do Brasil trouxesse consigo a ferradura da tragédia, e o mais ridículo é ver essa ignorância tomando verbalizações esdrúxulas, adicionando a culpa da desgraça universal ao posicionamento “socialista” do partido dos trabalhadores. O que os mal informados não sabem é que não existe socialismo no Brasil, isso que aí está instaurado não passa de um capitalismo de estado que favorece uma pequena classe de impostores, que se vale de questões sociais, como moeda de troca dentro de um sistema populista fortíssimo. Num jogo de perpetuação na manutenção dos cargos de alta gerencia do estado, em nome de um favorecimento próprio. Com isso não quero dizer de forma alguma que o socialismo é a melhor solução para o Brasil ou para America latina. Nem o contrario, apenas gostaria que você embarcasse comigo numa analise histórica para podermos fazer uma comparação entre o que já foi chamado de socialismo real com a realidade nacional brasileira da atualidade.




A revolução de 1917 foi na verdade uma revolução dentro de outra revolução. O Czar Nicolau 2º, desgastado após a primeira grande guerra abdica do poder e acontecem as primeiras eleições democráticas do país. O partido bolchevique, de Wladimir Lênin, não conquistou a maioria, mas com o apoio de milícias e dos centros urbanos, fez sua própria revolução em outubro. Tornando se partido único e rebatizando o país como União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Seria um tanto de inocência afirmar que o socialismo no Brasil, por determinismo, deveria seguir o mesmo rumo histórico da URSS. Mas, é preciso observar pequenos detalhes de qualquer insurreição revolucionária. Na Rússia, havia um movimento militar, e partes do exercito junto a milícias armadas populares eram a base dos bolcheviques. Isso no Brasil não existe, e os militares são os primeiros contrariados com o governo, e as milícias existentes atendem sim ao crime organizado e ao narco tráfico. No poder os bolcheviques fecharam a democracia e impuseram o partido e a visão única. No Brasil existe democracia, o que não existe é um povo educado para entendê – La, e todas as opções de gerenciamento, entre visões teóricas e a práxis distante delas, se assemelham. deixando as eleições próximas muito mais parecidas com uma partida de futebol, onde você simpatiza por um time ou camisa, e torce por ele.






Na URSS, os bolcheviques eram os russos vermelhos, e do outro lado ficavam os republicanos, monarquistas, liberais e socialistas, num balaio parecido com o antigo MDB. Esse lado eram os russos brancos, e imagina se que se esse lado tivesse sobressaído em 1917, houvesse se instaurado um pluripartidarismo na Rússia, mas isso de longe significa que seria algo melhor para o mundo. Hoje, tempo e espaço nos fazem entender que a Rússia iria se industrializar de uma forma ou de outra. Mas a repressão aos marxistas e o antissemitismo deixariam marcas tão profundas quanto às deixadas de maneira inversa pelos vencedores. Antecipando o que veio a acontecer na Alemanha com o nazismo de Adolf Hitler, que passaria a ser uma espécie de coadjuvante dos russos Brancos. Pelo menos cronologicamente, até porque não se podem determinar essas analises, são suposições teóricas, e eu não sou Deus para antever o que aconteceria com o que não aconteceu.




Agora afirmo fidedignamente que impor uma ameaça vermelha a América Latina, com base forte no Brasil é coisa de gente fresca e fraca intelectualmente que não tem o que fazer. E tem um monte desses imbecis contribuindo como colunistas políticos em grandes jornais e revistas nacionais por pura associação de interesses sortidos. Essa turma é transformada em formadores de opinião e passam batidos por que a educação no Brasil é uma piada de tamanho mau gosto. A onda agora é o BRICS, onde Brasil, Índia, Rússia e China formam um grupo político de cooperação. Seria a maior prova de ameaça vermelha, mas o que não se discute aqui é que o outro lado, também tem pactos de cooperação, e que historicamente esses países que formam o BRICS não foram favorecidos por essa conjuntura anterior. E ainda mais, o que se discute nesse novo bloco são formas de desenvolvimento nas bases capitalistas, ou seja, nada de revolução socialista, sendo que as revoluções socialistas insurgentes na história não passaram de capitalismo de estado, com base na truculência e na desigualdade. Outro lado que me preocupa é o Cristianismo institucional, que tem enorme força de controle social e não muda patavina nenhuma com sua imposição moral. Se nós colocássemos todos os lados em embate no Brasil hoje de frente, iríamos perceber que a merda é bem maior do que esses analistas do passado bradam em suas alegações anacrônicas. Metaforicamente chamo essa conjuntura atual de apocalipse now e todo mundo parece meio Mr. Magoo, só que nesse caso a cegueira não tem a menor graça.




Georgiano de Castro Ferreira.

Comentários

  1. Parabéns, seu passeio pela dialética, pela história, pela economia política e pela sociologia (perdoe se eu tiver esquecido de alguma esfera), mostra um perfil realista longe das utopias que é fácil identificar. Como falar de socialismo pra pessoas que não conhecem a gênese da questão? O socialismo vai além das barreiras atuais e se aprofunda no sentimento marxista de que o ser social é aquele que tem consciência de sociedade na história e na dialética brilhantemente exibida pelo filósofo alemão. Consciência não é pra qualquer um. É pra quem tem coragem de encarar a realidade. Muito bom.

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