SOBRE O MOMENTO POLÍTICO E AS MANIFESTAÇÕES.

      Nos últimos dias temos assistido a várias manifestações pelo país a fora, um espírito de cidadania tomou conta da nação que não aguenta mais tanta exploração em nome de um sistema político falido, e o estopim dessa fase de manifestações foi exatamente um acréscimo abusivo sobre o valor das passagens no transporte público no sudeste.

      É claro que a novas mídias sociais deram uma ampliação enorme no sentido de democratizar informações que as empresas de comunicação particulares e oficiais jamais deixariam passar em suas redações, e isso despertou um sentimento de revolta que misturado a um momento em que todas as atenções estavam voltadas a certo evento internacional, que sugou de forma criminosa os recursos de todas as áreas para o investimento nele somente. E desviando a atenção no que é de interesse público para jogar nosso dinheiro nas mãos da iniciativa privada sem, ou quase sem retorno nenhum.



      Quando eu vi as primeiras passeatas em São Paulo pela TV, lembrei os versos da canção Burguesia, do Cazuza, quando ele de forma muito valente, por já está muito debilitado por causa do vírus HIV, conclamava a todos os cidadões a irem para as ruas se manifestarem contra certa classe dominante Brasileira que segundo ele fedia! E a coisa foi pegando força e o que eu temia acabou acontecendo, e mesmo sabendo que iria acontecer daquela forma, mesmo com toda a descrença que trago de há tempos! Via-me como um tolo esperando numa fé bissexta uma mudança no panorama que se instalou.





      Logo no inicio do movimento vi que o Partido Popular Socialista o PPS, junto aos tucanos (PSDB) os Democratas (DEM) entre outros representantes neoliberais, estavam usando o momento para desarticular o governo. Mas é de se esperar o que dessa gente né? Esses partidos tem compromisso com certa forma de administrar o sistema político em nome do sucesso comercial e político de uma classe que sempre foi dominante, e a proposta neoliberal que eles defendem só quer transformar o país em mera montadora oficial das industrias majors multi – nacionais, em negociações de franquias, onde eles entram como representantes nacionais de empresas internacionais que chegam aqui impondo sua cultura trabalhista de exploração. E os lucros dessa forma de administração ficam nas mãos da nossa velha classe dominante.

      Por outro lado, o mais anacrônico está os grupelhos ditos trotskista e stalinistas de esquerda. Meninos e meninas, que em quase toda a sua totalidade são de classe média e entram nos cursos de humanas das universidades federais, onde são colocados em contado com a obra de filósofos sociais como Karl Marx, Frederich Engels, Bukarim, Rosa de Luxemburgo entre outros... Com isso de forma impulsiva e anacrônica, com um delay imenso, tentam reviver o movimento esquerdista do passado próximo, que era baseado numa ideia de socialismo real no leste europeu.

      E ainda tem uma terceira classe, a que mais me dói, por ser a grande maioria dos manifestantes, são os marionetes! Gente boa e trabalhadora que soma apaixonadamente na esperança de uma mudança significativa no quadro político nacional. Eles são os homens e mulheres que constroem o país, que dão o sangue e o suor, mas são abandonados de educação, saúde e segurança, e bem intencionados vão escolhendo um lado para seguir como um admirável gado novo.

       Aí fica esse quebra, quebra às vezes necessário, às vezes não, em nome de causas de luta complexas como o fim da corrupção e afins! A união dessas três classes de manifestantes que citei aí acima demonstra uma realidade cruel e intransferível do Brasil, a crise de inteligência que estamos atravessando. E não seria diferente já que desde que os militares assumiram o poder em 1964, o ensino público foi decaindo e a ditadura que durou 25 anos, impedia a todos acompanhar em tempo os mandos e desmandos do mundo comunista, sendo que só em 1989 minha geração descobriu que geografia não era só mapa. E isso é fácil de confirmar, basta ver que a proposta um tanto tímida do executivo de aproveitar à instabilidade do momento, e trazer à tona a reforma política, que é algo extremamente necessário, caiu por terra no legislativo, que por causa do fisiologismo da conjuntura de hoje é o grande câncer da nação.
      Onde estão os intelectuais, estudantes e movimentos sociais que entendam a realidade de hoje? Quem está propondo deixar de ser indireto o processo político na “democracia” nacional? E a sustentabilidade? A economia criativa? A diminuição da taxa de tributos e encargos? A educação? Acesso a tecnologia?  O lance não é revolução, num deu certo antes com gente altamente capacitada como Wladimir Lênin, Leon Trotsky entre outros... Iria dar aqui com esse monte de menino que se educou vendo o Jaspion na manchete? Precisamos evoluir isso sim, não sou contra as manifestações ou o movimento social, agora pés no chão! Eu só mergulho no escuro em poesia, precisamos de líderes, e temos bons quadros, aqui mesmo perto da gente, mas a boa intenção de nada valerá, pois a vida é pra valer, ela mais cedo ou mais tarde vai te cobrar essa incompreensão, essa confusão que fazemos com o momento histórico, e a única solução é educar-se, é preciso transpirar muito já que estudar é um exercício dificílimo! Falo por mim, faz treze anos que tentamos transformar a Cunder (Cooperativa Underground) em algo que servisse de exemplo de liderança num momento desses, mas infelizmente é muito difícil, porém agente se posiciona, mesmo não compreendendo a totalidade da turma, agente continua lutando porque entendemos que a luta faz parte da vida, e o trabalho enobrece o caráter. Vencer é fato, “sem fatos não fazem jornais, sem noticias ficaremos todos presos, aqui dentro faz muito calor. 1” Estudar é preciso!  

                    1- citação a Humberto Gessinger – Eng. Do Hawaii
                                                        Georgiano de Castro. 

                   Dedico este post aos meus professores: Rita de Cássia, Marcos e Expedito(saudosso) e aos meus amigos; Cícero Alexandre, Chico Antonio, Izaias, Fred, Suzy, Verônica, Adailton Pequeno, entre outros...

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