ANTROPOFÁGIA INÚTEL!

     Nada me parece mais neoliberal que essa ideia de propor a devoração cultural das técnicas importadas para reelaborá – las com autonomia covertendo - as em produtos de exportação! Ou não são os próprios neoliberais que apontam a Embraer como modelo de indústria Brasileira que dá certo justamente porque ela não passa de mera montadora que coloca o selo, pois tudo vem de fora só para encaixar aqui?

Notem que crio uma antítese no primeiro parágrafo ao comparar o antropofágismo com o neoliberalismo nesses termos. Se a proposta neoliberal fosse antropofágica a Embraer deixava de ser mera montadora que malandramente coloca o selo Made in Brazil nos seus aviões onde tudo que há neles é produzido lá fora, não, eles iriam copiar a tecnologia de fora trazer para dentro de um parque industrial nacional, mudar o numero de encaixes parafusados para somente depois de isso exportar com o selo de autenticidade legítimo.

     Cabe um velho palavrão que repito varias vezes durante o dia: - Orra meu! Vai tomar no C...! Será que para mimetizar o Van Gogh eu teria que come – lo, ser um canibal?  É isso mesmo, é assim que pensam os antropofágicos, já fazem mais de cem anos e ninguém absolutamente fala nada contra, ou se aqui ali aparece alguém é crucificado com o mesmo terror imposto ao cristo. Essa relação do antropofágico com a matriz cultural, que seria a Europa e o a América do norte é de ressentido, tipo eu vou te imitar, mas a minha relação como conceito de te imitar é te comer, e não é só dentro da semana de 22, porque o que veio depois é o diapasão de tudo isso. (1)

Notem a clareza da influencia antropofágica do esquerdismo marxista. Osvald de Andrade era diretamente influenciado por Engels, Nietzche... Claro que nos anos 60 você não podia chamar de mal intencionado um jovem que inspirado nisso ouvia a tropicália com entusiasmo, no mínimo ele era ingênuo, mas hoje meu deus porque isso não caiu por terra ainda?  A grande maioria da nossa intelectualidade é, queira ou não influenciada pela a esquerda, e isso reverbera nas artes num conceito disfuncional, pois veja bem, a esquerda não pensa no homem em si, mas num conjunto de homens, é lindo isso humana, e esteticamente também pode ser, mas na prática... Deixe – me esclarecer, as coisas fazem sentido real na prática e não na estética. A poesia, a arquitetura, a música, as pinturas, a tecnologia têm que ter um sentido prático, de que me adianta uma bossa nova, com estrutura harmônica elaboradíssima se a letra da música não diz nada, ou quando muito vagamente se posiciona, pensa não no individuo, mas sim no coletivo. Aí é que tá o x da questão. Sem inocência nem apelação humanista cristã, as verdadeiras mudanças sócio - políticas e culturais tem que ser relevantes ao homem primeiro como indivíduo, primeiro você satisfaz a individualidade de cada ser para só depois isso apontar resultados satisfatórios no coletivo, (o próprio cristianismo prega que primeiro a mudança é pessoal) aí batemos nas demandas de hoje, sem olhar para trás. São elas tantas, vou citar aqui as que me posiciono para possível contribuição: - Sustentabilidade, economia criativa, reforma política, valorização dos direitos humanos e ciência e tecnologia. Aí reacionário na mente dos come alface, que andam de chinelo de couro e são fãs do Los Hermanos, eu volto a o positivismo do; ordem e progresso, sem amor como eles propõe na mudança da frase no símbolo nacional. Ou em outra frase positivista que havia na minha escola de ginásio: - O trabalho enobrece o caráter! Por isso vão me acusar de direitista, mas vá lá tentar uma reforma financeira que mexa nos direitos adquiridos deles, os pequenos burqueses que se intitulam classe média em função do miserável abandonado da nação pra você ver. Positivismo sim, por que não? Por que o PT tem que manter as origens socialistas se nem o leste europeu quer mais seguir aquele modelo? E por que eu deveria pedir a benção de um bando de Zé Mané que só pensa no estético? Não meu bem, EU SOU ROCKEIRO!

(1) Referencia a entrevista de João Luís Wolfbangue, o Lobão. 

                                                                             GEORGIANO DE CASTRO.