Power trio na minha estória.

Ter um power trio, para melhor expressar, participar de um power trio sempre foi um sonho meu. Desde a mais terna infância, quando assistia os impossíveis da Hanna - Barbera, o meu universo sempre foi voltado a super heróis e rock in roll. Eu conheço de cabo a rabo todos os 29 episódios de Os Impossíveis, e os desenhava em meus cadernos, adorava todo o enredo da série, desde o narrador, algo que era fenomenal nas dublagens da Herbert Richards, até o colorido berrante, que eu assimilava a época new wave, pois apesar de ser uma série de 1967 eu só assisti nos anos 80. O enredo nonsense era demais e as canções no melhor estilo Beatlemania, que era o som que fazia minha cabeça também eram marcantes. Inspirado nos Impossíveis eu criei um power trio imaginário chamado Os Náufragos da Pirataria, e desenhava capas de seus discos e tudo mais... claro que eu era um dos membros da banda imaginária né? Nessa época eu devia ter dos seis para sete anos, estava começando a ler e escrever, algo que se deu muito rápido pois eu tinha uma ânsia de aprender para poder ler os gibis de heróis, principalmente do Super Homem, que fora trocado logo no primeiro ano de leitura pelo Homem Aranha que passou a ser meu super herói preferido e ainda é até hoje. Dos seis para os nove anos muita coisa mudou na minha cabeça, claro é uma fase mágica na vida das crianças, eu me tornei um viciado em rock, desenhos animados, gibis e filmes nonsense. Eu lia muito e sempre tinha um power trio como banda preferida e nesse período era o João Penca e Seus Miquinhos Amestrados essa banda. O tempo foi passando e apareceu os Paralamas do Sucesso e na adolescência inteira foram os Engenheiros do Havaí. 

Havia um leque muito plural nas minhas preferencias, de Mad a Teia do Aranha passando por Chiclete com Banana (gibi e nunca a banda) a Casseta & Planeta. De Trapalhões a Jô Soares e Chico Anísio e na música de Ramones e Clash, Blitz, Miquinhos, Legião, Titãs, Ratos... Mas para banda que servisse como referência, pela importância que se dá a alimentar um sonho eu olhava para Os Miquinhos, Magazine, Os Mulheres Negras, Blitz. Depois quando realmente tive banda esse olhar a essas bandas não se concretizou. Já era o lance do Punk que foi importantíssimo a todos nós! Não fosse Cólera, garotos Podres, Ratos de Porão eu nunca teria coragem de tentar ser banda. 



Durante a maior parte dos anos 90 minhas bandas eram bandas inspiradas em bandas com discurso panfletário, distante do ambiente alegre e colorido do sonho com Os Náufragos da Pirataria, o super power trio. Eu fui militante estudantil e dava muita importância a politica, não que hoje não dê a devida importância, mas com o tempo a gente aprende que as coisas vão muito além dos discursos, é algo muito mais profundo. Mas não posso negar que minha entrega ao ambiente de conquistas da esquerda nos anos 90 foi algo tão intenso que quando vieram as decepções junto as perdas pessoais e a pressão social eu adoeci, sofria dores intermináveis de estomago e palpitações, perdi foco e amizades e o que é pior, perdi a capacidade de concentração em meio as crises constantes de azia e foi a The Good Garden a minha salvação nesse momento. 

Desde quando conheci o Alexandre eu percebi que ele era a pessoa certa para tocar comigo, na bateria, mas ele não se achava ao ponto de encarar a jornada comigo e o Thesco a época, demorou 12 anos ou mais e tantos desenganos até a gente reconvidar ele e receber uma resposta positiva. Logo de cara decidimos que devíamos ser um power trio, tipo o The Police (o Thesco tem mais jeito com guitarras swingadas) e eu me vi no momento oportuno para ser nonsense, como sempre quis, mas que não consegui fazer pois as bandas nunca eram o power trio que eu queria. Depois o Thesco deu sinais de cansaço, o que é muito justo, e seguiu para outro lado. Entraram os outro dois que fizeram parte de nossa história e The Good Garden foi uma ideia do Mário para o nome da banda, que o Alexandre assumiu, e eu concordei mesmo sem gostar do nome de inicio. Mas quando eu e o Alexandre juntamos todo o ambiente de influencias e aspirações na vida que sempre tivemos na banda The Good Garden talvez fosse um nome que eu tatuasse na pele, se tivesse coragem para cometer tamanha agressão com meu corpo, foi a realização do sonho de ter o tal power trio. 

A chegada do Wellington proporcionou o UP Grade que fechou no ambiente criativo e fácil de trabalhar e de lá pra cá temos somado esforços e vitórias e fazemos de tudo para manter o espirito do power trio vivo. Não somos heróis de super impossíveis poderes mas somos heróis da nossa própria existência. Colocando sonhos como metas de trabalho vamos chegando a fase madura de nossas vidas, agora que estamos "envelhecendo e não aprendendo" a ideia de sonho é ser algo como os Pholhas, o Renato e Seus Blue Caps ou o Erasmo Carlos, digo chegar aos 70 anos fazendo rock, algo dificílimo, mas que é o tempo que nos resta de vida para conseguir tentar fazer coisas bem grandes e positivas. Se eu conseguir chegar aos 70 anos vivo será uma benção enorme, imagina chegar lá e ainda estar na ativa com meu power dream trio?  VIDA LONGA PARA A GENTE. 



Muito obrigado a todos. 

                                                 Georgiano de Castro Ferreira Balisa. 

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